De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

terça-feira, 19 de abril de 2011

Natureza selvagem

Há tempos venho pensando sobre Deus e Sua natureza - e não tenho receio de fazê-lo. Bom, minha reflexão culminou uns dias atrás quando, no meio de uma oração, ouvi a seguinte frase: "Perdoa-nos por tentarmos Te colocar numa caixa, pois sabemos que o Senhor é, como outrora dito, como uma criatura selvagem, e não pode ser aprisionado." Para mim, essa pequena frase, representou muito nesse período de facilitação da minha compreensão da fé, cujo princípio fora retratado na postagem "Pequeno detalhe".
O cristianismo sincrético de nossos dias tem transmitido uma idéia um tanto deturpada de Deus. Grandes discussões tidas como paradoxais, têm trabalhado na idéia de que Deus necessariamente faz "dessa ou daquela forma". A fábrica de mentiras no que tem se tornado o cristianismo atual, faz parecer que Deus se amolda ao homem, dá um jeito de se apertar e lançar fora alguns pedaços, afim de caber na caixinha sob medida que preparamos para alojá-Lo e carregá-Lo conosco. Deus então é pregado como dependente do homem, não sendo nada sem ele. Facilmente bajulado e enganado, comprado e vendido, peça de comércio, às vezes de refugo, fonte de renda, oráculo, um tapete para pisar, uma escada para subir, um espelho para se envaidecer. Sua Palavra torna-se um horóscopo diário, dizeres ritualísticos e mágicos - por isso cristãos têm a ousadia de ficar cantarolando por aí promessas abraâmicas e mosaicas como se fossem pra nós. "Deus" -não o meu- também tornou-se fonte da insanidade dos fanáticos - sua anestesia ou alucinógeno, um sentimento ou uma mera emoção. Parece, portanto, mais uma força da natureza, que se pode manipular para auxiliar e que, às vezes, precisa ser respeitada e alimentada com oferendas e trocas, para não se irar. Nesse âmbito, o deus do mundo cristão de hoje, em geral, tem se assemelhando muito mais aos ídolos pagãos e divindades da antiguidade, do que ao Senhor do Universo, compreendido por Abraão, Moiséis e, sem paralelo, transmitido por Jesus. Não, o que vemos por aí não se trata do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O que vemos sendo cultuado em muitas igrejas ditas "cristãs" não é o Deus cristão.
Eu simplesmente não entendo. Por que Deus precisa ser sempre "bonzinho", passar a mão na cabeça do rebelde? Parceiro do pecador enquanto peca? Pai que mima? Por que Deus precisa sempre estar "aqui e ali"? Sempre disposto a correr em função de nossas frescuras? Sempre na cozinha esquentando nosso leitinho ou fazendo o mingau quando temos fome? Por que Ele precisa ser um Deus mutável e sem padrão, que pode fechar um olho para um "pecadinho", modificar-se em prol de nos agradar? O que somos nós, além de pó e sombras, o que somos nós além de morte? De um vapor que sobe e se desfaz? De uma onda no mar? De uma folha seca ao vento? Ora, não somos nada, e, se há alguma coisa que presta em nós, devemos à Deus. Ele nada deve a nós. Ele continuaria sendo tudo o que É sem nós.
Como estamos reduzidos a... nada! O ser humano tem, de fato, se tornado criatura cada vez mais estúpida. O conhecimento, que pode ser bom, tem sido, estranhamente, tido de tal forma a tornar-nos inferiores aos antigos, mais cegos e miseráveis intelectualmente. Onde está o temor? Onde está a razão? Onde está a lógica? O cristão -e a humanidade em geral-, sem cultura bíblica alguma, sem cristianismo algum, padece de um extremo e suicida antropocentrismo que custo a compreender: como pode, esse amontoado de terra ambulante, cujo espírito padece em profunda agonia, achar-se maior e mais precioso do que o Senhor do Universo? O Pai Criador? Achar-se mais inteligente do que o Onisciente Deus? Achar que pode orientá-Lo? Que pode mudá-Lo? Que pode guiá-Lo? Que pode matá-Lo? Prendê-Lo? Discipliná-Lo? Ampliá-Lo? Diminuí-Lo? Fazê-Lo, montá-Lo? Personalizá-Lo? O que vejo por aí também é um politeísmo insano, já que cada um se acha no direito de construir e seguir o próprio deus... Onde está a coerência?! Até o mais atrofiado cérebro há de conceber que Deus há somente um e tal Deus É. Também, tranqüilamente, ver-se como infinitamente inferior ao Senhor do Universo! É mais do que lógico que aquele que personaliza um deus para seguir, não está seguindo o Deus bíblico! Não existe lugar para o relativismo numa realidade de Verdade Absoluta! Logo, tal indivíduo nada mais vive do que uma mentira, uma ilusão mortal... seguindo ao um senhor existente apenas em sua cabeça arruinada, a si mesmo ou ao próprio Satanás. Deus, lembre-se, há somente UM!
No outro oposto, contrário aos cristãos relativistas e politeístas, há os cristãos que colocam na cabeça o que Deus é e essa concepção há de ser imutável e inquestionável. Vêem Deus como alguém estático e regido por um protocolo inviolável. É claro que Ele não irá quebrar Sua Palavra e, em Sua perfeição, torna-se ser impossível esse ato, mas o Senhor do Universo não tem barreira alguma para consumar o que deseja dentro daquilo que não burle Sua natureza.
Os cristãos que vêem Deus como uma máquina que só trabalha de uma forma específica e padronizada, quebram a cabeça e colocam seu cristianismo em cheque com questões irrelevantes: "Deus necessariamente criou o universo 'assim'"; "Deus escolhe só alguns para salvar, predestinando-os"; "O Espírito Santo aparece só às vezes e sempre se manifesta de forma estrondosa"... Agora pergunto novamente: quem somos nós para determinarmos Deus? Como agirá? Conceba algo: o calendário de Deus não é circular e o que Ele fez uma vez, não necessariamente fará novamente e da mesma forma. Deus não se prende à ciclos. Como Rei, sem oponente, sem predador, faz o que QUER!
Leitor, nutra uma imagem sóbria e saudável de Deus! Conceba-O mais como uma imponente fera do campo que, em sua natureza selvagem, chega e sai quando quer, faz do Seu jeito, é indomável e não pode ser capturado e enjaulado, tampouco domesticado. Deus, como o tigre, pode desejar estar perto sem ser percebido e rugir de longe para ser reconhecido. Deus é como o leão, num dia pode alimentar e noutro dia pode destruir. Deus é como o urso, às vezes pode se dar ao direito de afastar-se para Sua caverna. Deus, como a águia, vê tudo de cima, mas só desce onde quiser. Deus, ainda, é como o lobo solitário: pode, se quiser, "caçar" durante o dia, mas também à noite; "caçar" tanto no calor do verão, quanto no frio tenebroso do inverno!
Ora, Deus é Deus, faz o que quiser, como quiser e quando quiser! Sem dar ouvidos à homens, sem seguir nosso cronograma, sem ser barrado pelos muros que erguermos. Deus, se desejou, pode ter usado de dois meios para criar nosso Universo, pode escolher e predestinar alguns, como, também, deixar outros tantos optarem por segui-Lo. Deus pode fazer as coisas de forma bem mais peculiar do que nos limitamos a pensar. O meu Deus, algumas vezes fez-se em teofania para combater, Ele mesmo, os inimigos de Israel; mandou anjos para fazê-lo; lançou pragas e calamidades ou, também, enviou o Seu Espírito para alguns escolhidos o fazerem. O meu Deus apareceu, em Sua glória, dentro de uma núvem de trevas profundas e tempestuosas, fazendo o chão tremer, no Monte Sinai, mas, também, apareceu como uma luz forte à ponto de cegar, para Paulo. O meu Deus exigira, no passado, sacrifícios pelo pecado, mas com a morte de Seu Filho, agora exige apenas que creiamos nEle. O meu Deus castigara com cobras incandescentes os rebeldes de Israel, agora, porém, apenas espera os rebeldes de hoje, nós, optarmos por mudar de postura ou não, para salvarmo-nos ou seremos condenados ao Lago de Fogo. O meu Deus criou a Vida, tirou-a e agora a oferece novamente. Isso é a Nova Aliança. O meu Deus É o que É, age como Lhe parece melhor, faz o que, em Sua sabedoria insondável, concebe como correto, afim de que Seus planos dêem certo. Compreenda isso, leitor! DEUS É DEUS!
Natanael Castoldi

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